
Nosso ser anseia pelo encontro.
Viver é um eterno relacionar.
Nascemos, crescemos e vivemos toda nossa existência nos relacionando.
Somos, portanto, seres formados pelas relações que estabelecemos, seja com o nosso mundo interno ou com o nosso mundo externo.
Somos interdependentes. E o relacionamento a dois nos possibilita crescer, amadurecer e evoluir como seres humanos, nos percebendo pelo reflexo do outro.
Somos espelhos, e o que eu vejo no outro na verdade é o meu reflexo, uma parte de mim que é colocada em evidência para que ela possa ser curada.
São nossas feridas emocionais, e a historia dos nossos relacionamentos revela o nosso estado interior.
Relacionamento é instrumento de evolução, onde seremos transformados e seremos agentes de transformação pelas experiências compartilhadas com aquele que escolhemos viver.
E a transformação só é possível de ser vivenciada se ela vier junto com a postura de aceitação.
De aceitar que vivenciamos a beleza da alegria de se estar com o outro e ao mesmo tempo o sofrimento pela revelação dos conflitos relacionais. Aceitar a semelhança e a diferença. Aceitar quem sou e dar a liberdade para o outro ser quem ele é, sem a expectativa de mudança. Aceitar a realidade como ela é, apreciando o momento vivido.
Porém, para muitos, a vida à dois é experimentada com uma carga pesada e quase que insuportável, um lugar completamente diferente daquele que esperamos viver quando dissemos sim ao nosso companheiro.
Uma relação à dois se revela e se mantem saudável a partir da criação de espaços de diferenciação e união, liberdade e intimidade, os chamados: Eu e Nós, que devem estar pautados na esfera do respeito aos seus limites e aos limites do outro. Nesse terreno fértil há espaço para o florescer da nossa singularidade como seres humanos.
Recebo mensagens de várias pessoas que desejam uma fórmula pronta para que o relacionamento perdure, porém ela não existe. Porque relacionamento é construção diária, é escolher o outro nos dias bons e nos dias ruins. Além disso, somos seres singulares e o que é saudável para um casal pode não ser para outro. Não se comparem!
Mas, eu acredito que existe, sim, alguns pilares que contribuem para construirmos relacionamentos mais saudáveis, e compartilho com vocês:
Conhecer a si mesmo e ao outro
Viver o agora: Reconhecer e aceitar a impermanência da vida a dois e vivenciar a beleza de cada fase (namoro, noivado, primeiros anos de casado, chegada dos filhos, a partida dos filhos...)
Dialogar: Falar e ouvir. Aprender a se ouvir e a ouvir o outro.
Ter empatia: Habilidade de se aproximar do outro com cuidado e compaixão.
Cultivar o respeito: consigo mesmo e com o outro.
Ter reciprocidade: Dar e receber.
Movimentar entre o eu e o nós: Dedicar tempo para você e dedicar tempo para o casal.
Demonstrar amor: Cultivo diário do regar a relação com gestos de cuidado, carinho, companheirismo, parceria, admiração...
Cada fase do estar com o outro é vivenciada com a beleza dos aprendizados do COMviver. E para se relacionar é preciso abertura para o outro. Abertura é escolha. Escolher diariamente estar com o outro na semelhança e na diferença. O que na verdade são as faces dos relacionamentos afetivos.
Pâmella Sales Martins Borges, Psicóloga Clinica